domingo, 30 de maio de 2010

DICA DE LEITURA



Obra: Alves & Cia - Eça de Queiros

Eça de Queiros (1845 – 1900)
Considerado o mais importante prosador realista e dos melhores da literatura portuguesa, Eça de Queirós deixou uma imensa produção literária, que muita influência exerceu sobre a evolução do próprio romance em língua portuguesa. Participou ativamente das polêmicas de seu tempo por meio de escritos críticos.
Uma nova fase, nova evolução literária de Eça de Queirós, em que a descrença no progresso e nos ideais revolucionários se manifesta na expressão saudosa da vida do campo e na valorização das virtudes nacionais. É o momento de obras como A Cidade e as serras e A Ilustre casa de Ramires, de contos como Suave milagre e de biografia religiosas.  


Síntese da Obra;

Alves & Cia. é a firma da qual são sócios Machado e Alves e o título deste "pequeno romance" sobre o adultério e suas conseqüências.
Quando no dia do Aniversário de Ludovina, esposa de Godofredo (Alves), este a surpreende abraçada Machado, começa a história. Alves perturbado com a surpresa, se retira e Machado foge da sala.
Alves expulsa Lulu para a casa do pai (que recebe a notícia feliz com a pensão que receberá junto) e decide que ele e Machado tirarão na sorte quem se suicidaria. Posto que Machado e as testemunhas achem isto ridículo, vai-se decidindo por um duelo de pistolas, logo por um de espadas (porque "não foi tão sério"), logo por duelo nenhum.
Ludovina viaja com o pai e volta mais tarde. Machado volta trabalhar num clima seco e frio onde antes houveram dois grandes amigos. Já nessa época Alves quer a reconciliação. O tempo vai passando, Alves se reconcilia com Ludovina, sua amizade com Machado renasce; a firma prospera, Machado casa, enviúva, casa novamente, etc. Ao final de 30 anos, os três são felizes e ainda muito unidos, mas nunca esquecem o episódio lamentável em que se envolveram; Alves sente-se feliz que não se precipitara.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Literatura Brasileira: Poeta do Mês Carlos Drummond de Andrade.


Carlos Drummond de Andrade nasceu em 1902, na cidade de Itabira, Minas Gerais. Foi funcionário público, jornalis, a literatura dedicou-se por prazer, m 1922 ligou-se a movimentos modernistas no Brasil, a partir do movimento em São Paulo, que se deu maior liberdade à criação poética.
Praticou a literatura por mais de 60 anos, publicou 16 livrosde prosa e 25 de poesia.
Drummond morreu em no Rio de Janeiro, 17 de agosto de 1987.

"Acho que a literatura, tal comoas artes plásticase a música, é uma das grandes consolações da vida, e um dos modos de elevação do ser humano sobre a prexariedade da sua condição."
Carlos Drummond de Andrade.

Em 1962, Carlos Drummond de Andrade selecionou poemas para a edição de sua
Antologia poética; no prefácio, o próprio poeta explica o critério de seleção e divide
os poemas escolhidos em nove grupos com "certas características, preocupações
e tendências" que condicionam ou definem o conjunto de sua obra.

Drummond é considerado um dos maiores representantes da literatura Brasileira so século XX. Sua carreira poética pode ser dividida em 4 fases, compostas por obras que retratam seu amadurecimento poético e a forma a qual ver o Mundo.

1 º FASE de Drummond - Gauche

Esta fase Drummond, demonstra seu desencanto em relação ao mundo. As obras dessa fase se caracterizam pelo pessimismo, individualismo, isolamento e a reflexão existencial.

A essa fase temos como referencia a obra “Brejo das Almas” 1934. Nesta obra Drummond deixa evidente o EU x MUNDO. O poema “Um homem e o seu carnaval”, apresenta o evocativo ao pessimismo e o tom do dionisíaco, essas características marcam essa primeira fase de Drummond.

Convite Triste

Meu amigo, vamos sofrer,
vamos beber, vamos ler jornal,
vamos dizer que a vida é ruim,
meu amigo, vamos sofrer.

Vamos fazer um poema
ou qualquer outra besteira.
Fitar por exemplo uma estrela
por muito tempo, muito tempo
e dar um suspiro fundo
ou qualquer outra besteira.

Vamos beber uísque, vamos
beber cerveja preta e barata,
beber, gritar e morrer,
ou, quem sabe? beber apenas.

Vamos xingar a mulher,
que está envenenando a vida
com seus olhos e suas mãos
e o corpo que tem dois seios
e tem um embigo também.
Meu amigo, vamos xingar
o corpo e tudo que é dele
e que nunca será alma.

Meu amigo, vamos cantar,
vamos chorar de mansinho
e ouvir muita vitrola,
depois embriagados vamos
beber mais outros sequestros
(o olhar obsceno e a mão idiota)
depois vomitar e cair
e dormir.

Carlos Drummond de Andrade, in 'Brejo das Almas'

O “Convite triste” é, ironicamente, uma apologia do festivo. Funda-se sobretudo num ideal de embriaguez que se projeta para uma destruição completa do sujeito, havendo com isso uma necessidade de intoxicação do corpo pelo excesso, até chegar a um estado de alienação ou de autodestruição temporária, dado à consciência finita da condição humana.

2º FASE de Drummond – Social

Marcada pelo desejo do poeta de mudar o mundo e a se solidarizar aos problemas do mundo.

Uma das obras características dessa fase é o livro “Sentimento do Mundo” 1935, em que Drummond expressa a essência do corpo rebelde, a urgência da luta de classes e na ardência da utopia socialista.

MENINO CHORANDO NA NOITE

Na noite lenta e morna,
morta noite sem ruído,
um menino chora.
O choro atrás da parede,
a luz atrás da vidraça
perdem-se na sombra dos passos abafados,
das vozes extenuadas,
e, no entanto,
se ouve até o rumor da gota de remédio
caindo na colher.

Um menino chora na noite,
atrás da parede, atrás da rua,
longe um menino chora,
em outra cidade talvez,
talvez em outro mundo.

E vejo a mão que levanta a colher,
enquanto a outra sustenta a cabeça
e vejo o fio oleoso
que escorre pelo queixo do menino,
escorre pela rua, escorre pela cidade,
um fio apenas.
E não há mais ninguém no mundo
A não esse menino chorando.


Sentimento do mundo, 1935


Drummond tem um enorme sentido social e uma vontade de que a utopia da fraternidade e solidariedade seja possível no mundo. Nesta sensibilidade enquadra-se o poema "Menino chorando na noite" que classifica-se como um poema de ternura, enquanto nele se sublinha a força da criança, como símbolo de vida, tendo em vista sua dor e os cuidados que a ele são prestados.

Um poema bastante emotivo onde o poeta sofre com o sofrimento do outro. As lágrimas caindo simbolizam a dor intensa e universal. Ser triste dói.

3º FASE – poesia filosófica

Os poemas dessa fase tem uma preocupação com temas universais, com a vida e a morte. Uma das obras dessa fase é “A vida passada a limpo”, em que retrata Drummond, mas maduro em sua estética poética, trazendo em seus poemas temas eternos, amor, vida, morte, memória e também a melancolia de alguns poemas.

Nessa fase são estão alguns de seus melhores poemas de amor, inspirado na maturidade do poeta.

Véspera

Amor: em teu regaço as formas sonham
o instante de existir: ainda é bem cedo
para acordar, sofrer. Nem se conhecem
os que se destruirão em teu bruxedo.

Nem tu sabes, amor, que te aproximas
a passo de veludo. És tão secreto,
reticente e ardiloso, que semelhas
uma casa fugindo ao arquitecto.

Que presságios circulam pelo éter,
que signos de paixão, que suspirália
hesita em consumar-se, como flúor,
se não a roça enfim tua sandália?

Não queres morder célere nem forte.
Evitas o clarão aberto em susto.
Examinas cada alma. É fogo inerte?
O sacrifício há de ser lento e augusto.

Então, amor, escolhes o disfarce.
Como brincas (e és sério) em cabriolas,
em risadas sem modo, pés descalços,
no círculo de luz que desenrolas!

Contempla este jardim: os namorados,
dois a dois, lábio a lábio, vão seguindo
de teu capricho o hermético astrolábio,
e perseguem o sol no dia findo.

E se deitam na relva; e se enlaçando
num desejo menor, ou na indecisa
procura de si mesmos, que se expande,
corpóreos, são mais leves do que brisa.

E na montanha-russa o grito unânime
é medo e gozo ingénuo, repartido
em casais que se fundem, mas sem flama,
que só mais tarde o peito é consumido.

Olha, amor, o que fazes desses jovens
(ou velhos) debruçados na água mansa,
relendo a sem-palavra das estórias
que nosso entendimento não alcança.

Na pressa dos comboios, entre silvos,
carregadores e campainhas, rouca
explosão de viagem, como é lírico
o batom a fugir de uma a outra boca.

Assim teus namorados se prospectam:
um é mina do outro; e não se esgota
esse ouro surpreendido nas cavernas
de que o instinto possui a esquiva rota.

Serão cegos, autómatos, escravos
de um deus sem caridade e sem presença?
Mas sorriem os olhos, e que claros
gestos de integração, na noite densa!

Não ensaies de mais as tuas vítimas,
ó amor, deixa em paz os namorados
Eles guardam em si, coral sem ritmo,
os infernos futuros e passados.

Carlos Drummond de Andrade, in 'A Vida Passada a Limpo'

Referencias

http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/livros/resumos_comentarios/b/brejo_das_almas

http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/livros/analises_completas/s/sentimento_do_mundo_livro

http://www.novacultura.de/0208drummond.html

http://blogdogutemberg.blogspot.com/2008/01/amor-natural-de-drummond.html

acesso entre 09, 10 e 11/05/2010


domingo, 16 de maio de 2010


Após um logo tempo sem postagens... Volto para divulgar os encantos das letras e o fantástico mundo dos livros... Aguardem.
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"A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca e que, esquivando-nos do sofrimento, perdemos também a felicidade." Carlos Drummond de Andrade